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  • Foto do escritorHelida de Lima

Água não tem preço


A saga por um copo de água gelado:

Quando freqüentava bares com meus pais sempre que queria água eu saia da mesa e esticava a mão para o “moço do balcão”: Me dá um copo d’água? Ele abria a torneira e dava um copo de água e eu bebia normalmente. Ninguém estranhava este ato, meus pais só pediam água engarrafada se fosse a gasosa, e o moço do balcão não hesitava em me dar um copo e nunca me oferecera água de garrafinha ou copinho.

Quando criança eu não tinha consciência disto, mas já adolescente e quase adulta eu comecei a perceber que havia a disposição água para se comprar e eu achava aquilo a maior bobagem do mundo! Pensava eu: Se for para comprar algum líquido que seja um guaraná bem gelado. Guaraná para mim é de longe mais gostoso que qualquer refrigerante!

Foi um dia que já trabalhando em marketing, isto em 99, abri um estudo sobre as vendas de água em que mostrava um mercado prosperando no Brasil. De novo eu tive um pensamento opositor e me lembro disto muito claramente. Eu pensei: Gente isto não vai dar certo nunca aqui no Brasil, quem vai comprar água se é só abrir uma torneira e tomá-la ou então utilizar de um bom filtro. Que coisa capitalista!

Sei que depois este tema sumiu do meu olhar...

Mudei-me para São Paulo e nesta cidade eu ficava muito fora de casa. No meu trabalho tinha o bom bebedouro elétrico, aquele que você aperta um botão e sai água gelada, mas na rua se eu pedisse um copo d’água da torneira eles me olhavam de cima em baixo e de tão constrangida eu acabava comprando uma garrafinha. Eu ficava e fico até hoje irritada com isto. Um dia na loja Casa do Pão de Queijo eu pedi um copo da torneira, nesta loja eles possuem um filtro interno e tem um cartaz avisando os clientes que a água é filtrada já que é de lá que eles fazem o suco para a venda e está a vista para todos que se encostam ao balcão da loja. Não é que a moça me negou um copo! Gente acredite, a moça disse que água só em garrafinhas, bem assim: Pode pegar direto da geladeira e o valor é R$ 1,80.

E em casa, ainda em um apartamento, a saga da água continuava. Plinio tinha o costume de comprar aqueles galões de plástico.

Vejam: primeiro ligávamos para a empresa de água, agendávamos a entrega que tinha que coincidir com nossa presença na casa, já que o galão não podia ficar na portaria do prédio. Pagávamos pela água e pela entrega. Depois disto Plínio saía da portaria e ia até o elevador com este galão super pesado, pegava o elevador, subia treze andares e bufando colocava o tal galão no suporte que possui uma torneirinha para água sair. Agora pensem na força para colocar um galão de água em cima do suporte. Só homem mesmo. E o look do galão, terrível!

E eu me questiono o porquê disto. Seria um ato realizado pela cultura do consumo ou pelo fato de que todo mundo naquele momento fazia daquele jeito? Por que simplesmente não instalar um filtro em casa minha gente?

E mais, quem disse que a qualidade das águas engarrafadas são superiores as águas filtradas em nossas residências? Que informações nos são dadas das fontes e dos tratamentos que as águas comercializadas recebem? Temos como comparar uma água da outra?

Garrafinhas coloridas, nomes lindos nas embalagens. Disto a publicidade se encarrega.

Mas e o conteúdo? É só água!

Só com a vinda para o mato, há muitos anos, que eu restaurei o hábito da minha família, que era o de ter um filtro de barro.

E agora a minha saga doméstica de água acabou! Eu apenas abasteço o filtro de barro. Na cidade ou na roça, não abro deste artifício mais que caseiro, e a cozinha ainda ganha um charme tradicionalmente brasileiro, afinal o filtro de barro é de longe mais bonito que qualquer galão de plástico azul amarelado e a água têm um sabor muito melhor.

Já a saga na rua, mesmo de pequenas cidades, pela busca de um copo d’água, esta ainda não teve um final feliz. Um ou outro comércio me oferece água gratuitamente.

> Para saber...

ÁGUA POTÁVEL: Vem de rios ou depósitos subterrâneos de águas, passa por estações de tratamento, onde é purificada e recebe trato físico-químico com cloro e flúor. Chega às residências através de uma rede de distribuição.

ÁGUA MINERAL NATURAL: Obtida diretamente de fontes naturais ou de depósitos de origem subterrânea, captada por meio de bombas (poços) e filtrada para a retirada de fragmentos de rocha, areia e outras impurezas. É caracterizada pelo conteúdo e proporção relativa de certos sais minerais e pela presença de oligoelementos, além de ser bacteriologicamente pura. Não contém cloro e flúor. Para que não cause risco à saúde, não basta que venha de uma fonte de boa qualidade - também é necessário atenção às condições sanitárias relativas ao processo de industrialização (instalações, equipamentos, processamento, estocagem e pessoal), sendo de fundamental importância a existência de um sistema de controle em todas as etapas do envase.

ÁGUA FILTRADA: Trata-se da água potável submetida a um processo de filtragem (em casa, geralmente é usado um filtro de vela), com o objetivo de eliminar impurezas, gosto e cheiros, além de reduzir o cloro.

ÁGUA PURIFICADA: A água potável captada da rede pública passa por um processo industrial de purificação antes de ser ingerida. O consumidor compra o aparelho e instala-o próximo à torneira da pia da cozinha. O equipamento contém membranas antibacterianas e filtros à base de carvão ativado que, segundo as empresas que o produzem, removem a sujeira, impedem a passagem de microorganismos, e eliminam o cloro.

ÁGUA GASEIFICADA: Existe aquela artificialmente gasosa (que recebe acréscimo de dióxido de carbono, podendo ser ou não enriquecida de sais minerais) e a naturalmente gasosa (obtida em fontes naturais de águas gaseificadas). Porém, parte do gás se perde no processo de envasamento. Por isso, a única forma de beber água naturalmente gaseificada é direto da fonte.

> clique: Matéria muito legal sobre o nosso Filtro de Barro:

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